Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2005
 
estava estirado na poltrona ordinária do cinema em Copacabana pela sexta vez. tinha chegado cedo e via as figuras que passavam de um lado a outro. alguns conversavam baixo tranqüilos. a outros o lanterninha se limitava a apontar um lugar vago assim que chegavam. o cheiro inconfundível de maconha invadiu a sala no inicio do documentário de Janis Joplin. talvez ela dissesse que seria o ar mais apropriado. gostava particularmente de duas cenas. quando entrava no palco do festival de Monterey Pop num vestido curto, lamê solto ao corpo, mules saltinho fino, uma vasta cabeleira e o vento descobrindo o rosto. sittin down by my window, honey/lookin out at the rain/ something come along, grabbed a hold of me/ Ball and Chain é uma performance visceral, violenta. lhe transforma em instantes. deixa amostra a alma nua. ocupa aquele espaço em que toda vida cabe. treme, geme, grita, urra, bate os pés. é única e está envolvida pela serpente que veio lhe redimir dos pecados. era a maçã, a oferenda
 
Yeah, I’m gonna try – Yeah / Just a little bit harder minha segunda cena não era propriamente a performance extravagante e louca que se podia esperar de Janis . deixava o seu recado, o testemunho de uma alma que colhera infindáveis escoriações, arranhões, quedas e tropeços na vida de princesa que nunca haveria de ser. rejeitada e excluída da própria comunidade, diluiu suas mágoas em burbom barato e destilou suas desilusões nos tons de uma poderosa garganta - assim ao natural, imitando o que gostava de ouvir. “quando as coisas estão realmente difíceis e não há ninguém a lhe estender a mão, ninguém que lhe espere em casa, você querendo apenas se sentir mais leve, libertando a mente, o coração...sabe do que você precisa ... você precisa apenas de uma mãe carinhosa..." Try, try, try/ just a little bit harder/ So I can love, love,love, you/ I tell myself-well, I’m gonna try – yeah/ Just a little bit harder/ So I won’t lose, lose you/ to nobody else/
 

aí alguém lhe falou sobre Leadbelly e o blues

tentar encontrar um saída foi tudo o que essa capricorniana nascida Janis Lyn Joplin em 19 de janeiro de 1943 em Port Arthur/Texas buscava. queria a paz de casa novamente. menina tímida e obediente. cantora folk aos 16 anos. cabelos loiros quase brancos, aluna dedicada. a filha exemplar da classe média texana nunca encontrou seu caminho de volta. se não podia ser uma bela texana seria então mais um dos rapazes. eles podiam beber, sair de carro, jogar sinuca, tocar e cantar nas praias do rio Neches até a madrugada. não chateava. podiam fazer qualquer coisa na frente dela. não ligava. riam de seus palavrões e aquele jeitão. no fim dos 50’s quando o rock and roll era morimbundo os garotos escutavam jazz e folk . aí alguém lhe falou sobre Leadbelly e de um blues em tintas country . esta ponte era o acesso que lhe faltava e é para onde correriam suas emoções desafogando a alma turva alguns poucos anos depois. feia, bebendo muito, sem modos. não havia nada de elegante nela que andav
ela canta como Bessie Smith e canta totalmente diferente

Alma beat

os pais pressentem que se tem alguma chance estão fora dali. juntam as economias e mandam Janis conhecer Los Angeles onde faz um curso de verão. acaba em Venice , o miserável bairro dos beatniks em Nort Beach. o reduto derradeiro da beat generation . dos escritores malditos da América que elegeram o realismo como tema e a vida errante como lema. a estrada é a morada dos espíritos devassos carregada de relatos de fracassos de onde Charles Bukowski resgata a esperança da dignidade humana. por arte ou por puro heroismo literário. qualquer quartinho ao lado também tem o endereço errante de Allan Bourrogs . já lera sobre Jack Kerouac no Time, autor da antológica On The Road. é com eles que Janis se identifica, mas ninguém liga. o ambiente é freak . aprendeu a tomar bolinhas e a se aplicar. aprende a ganhar a vida cantando blues em Austin . conhece a heroína em Nova York. começa a traficar drogas em San Francisco. as coisas estão fugindo ao controle. “eu só queria ser uma pessoa comum.
Janis e a Big Brother & Holding Company

rendas, flores e colares

todo o pessoal da banda vai morar na comunidade rural de Laguanitas . é lá que Janis descobre que não precisa ser a boa texana para ser aceita. as garotas lhe ensinam como se vestir. elas usam rendas, flores, colares, cabelos soltos e perfume patchuli . era fácil. foi natural. Janis aprendeu o que fazer para ser compreendida mas não como ser amada. todos tinham seus pares. menos Janis . era quem transava todos. porque ela era totalmente livre. isto é, não tinha ninguém. a liberdade era a outra face da solidão de Janis. para estancar suas antigas feridas até que suporta o combate um tempo mas cai diante de outro velho demônio: o álcool, que lhe ajuda a só esquecer. depois vem as anfetaminas e enfim a heroína . é assim que ela domina a cena dos parques de San Francisco do verão ao outono de 66 até explodir em naquela noite em Monterey .
Aqualung my friend/Don't start away uneasy/You poor old sob, you see it's only me.

Thick As a Brick

Depois de encarar o vento frio e as portas fechadas das gravadoras e da imprensa, Ian consegue uma agência que os apoie. Não é uma brastemp, mas ele quer a estrada e tem todo aquele ambiente folclórico da Escócia que volta aos poucos à sua mente, as histórias fantásticas, faunos, florestas e duendes. Como trocam de nome a cada show, alguém do escritório sugere o nome de um agricultor inglês do século 18, conhecido por suas esculturas em madeira, ninguém se incomoda? Ian acha divertida a idéia. Por quê não? Ian que sustentara a banda trabalhando como faxineiro em um cinema quase foi expulso quando trouxe uma flauta antes da turnée. Era mais fácil transportar, ele dizia. Queriam bater nele. Uma banda de rock e de blues nunca teve flauta. Mas passariam a ter, depois dele. Ouve o jazz de Roland Kirk que vira sua nova paixão, lhe inspira a ser emocionante, a criar, a ser melhor. Pouco a pouco o underground londrino descobre o impacto da nova sonoridade. Não tarda e vai alcançar o primeiro l
para Ian Anderson música deve exigir de quem ouve o mesmo esforço de quem a compôs... 

Jethro Tull

O exército de um duende. "Este é um lugar grande, extraordinário. Sempre há algo novo para se descobrir, nunca se sabe o que está oculto num canto. E Elfos, senho! Elfos por toda parte. Alguns terríveis e esplêndidos como reis, outros alegres e descuidados como crianças. E a música, e as canções!" ( Tolkien - " O Senhor dos Anéis". Livro I ) A foto certa deveria ser feita em 1968. De aí até oito anos mais é a colheita do trabalho árduo do grupo de Ian Anderson. Oito anos antes, é Ian Andeson quem carrega o grupo nas costas. Um duende insistem ainda alguns na velha e misteriosa escócia. Mais um escocês calvinista de espírito indomável diriam os professores que tentaram sem sucesso catequizá-lo. Um agnóstico precoce aos 10 anos. Mas que manteve o amor também obsessivo pelo trabalho, constante, sim, árduo, difícil, redentor. E mais estranho ainda no ninho rejeitou com veemência todas as drogas e as bebidas fortes, groupies (as namoradas, que ficavam com os artistas de
http://diasderock.blogspot.com 

Funk!! (its a super freak)

Sophfistfunk Lenny Kravitz As manchetes nos jornais não me deixam dúvida. Um Mega-Star cruzou a capital da provincia. A presença dos grandes trens continua fazendo a terra tremer, como nos idos anos 80, os primeiros a gente nunca esqueçe. O Geneses já sem o Peter Gabriel , cruzou o atlântico, depois vieram também Rick Wakman (sabe quem é o cara?) e antes veio Alice Cooper com Scools Outs! Nina Haguen...Van Halen, The Cure... B.B.King, Erick Clapton, Jonny Lee Hoocker, os proprios Rolling Stones e Mr. Paul Mc.Cartney de tantos tantos mas tantos nomes que mataram assim a sede que era, na verdade, a de inclusão no planeta. O mega-star em questão, Lenny Kravits é filho de uma nova era. Produto mercadológico bem acabado, seu triunfo é provavelmente ter rspirado novos ares no blues, no soul e porque não, no rock. O cara faz a diferença sim. Sua guitarra me soa riffs da Motown nos 60-70. Aquelas maravilhas exorbitantes do Funkadelik, Paliament e P-Funk All Stars que definiram todos os outros

A Grande Alma Negra da América

Blues, Reggae e Samba Blues, reggae e samba são provavelmente as três mais fantásticas vertentes da musica popular da América contemporânea. De comum, bem mais do que uma linhagem ancestral negra. O convite para estréia dessa mãe África no continente é no papel de escrava. Depois, faz sucesso como debêntures, mercadoria valiosa que será negociada e sistematicamente estocada como ativo circulante. Para os europeus, bem mais interessantes que almas negras, eram os braços fortes guardados sob o assoalho fedorento das galés. Quando chegavam vivos. Mas o legado é de ritmos e melodias fortes e penetrantes. O encontro com as culturas nativas e com o lirismo europeu faz renascer a música da América. Forte como o blues, que além de azul, também pode ser traduzido como melancolia e tristeza. Certamente, porque em suas origens nas plantações de algodão do sul dos Estados Unidos, escravos negros cantavam para sobreviver ao ritmo de trabalho que lidava com o sol como testemunha. Era no canto que a
www.diasderock.blogspot.com 

Dias de Rock

Eu sei, é apenas “rock and roll”, mas eu gosto. Nem sei quando começou essa coisa, até estranha, de gostar de rock num país tropical. O Brasil é um lugar rico em tradições e estilos musicais. Muitos deles são mais bonitos, mais sofisticados, mais românticos e mais alegres do que qualquer outra coisa já feita no resto do planeta. Eu sei, é apenas “rock and roll”, mas eu gosto. São só três notas musicais. Aquela batida simples e sincopada. Uma dança meio maluca. Nada mais simples, nada mais óbvio. Letras básicas, tipo “eu amo você” ou “há, eu não amo mais você”. Pelo menos foi assim que tudo começou. Sem muito trabalho para criar, nada de coisas complexas, o tempo passa e nas tardes da eternidade a pressa é a sede da juventude. Coisas básicas: mudar o mundo, cruzar o planeta. Desvendar a Califórnia, Londres e Hamburgo. Tóquio, Pequim e Bombaim. Seguir a infinita highway, ir a todos os lugares, por todas as autobans. Eu devo ter estacionado num daqueles lugares onde o prá sempre sempr